sábado, 26 de maio de 2007

Alternativa Académica – o apelo ao movimento

Urge estimular um movimento social alargado que lute por uma alternativa para a Universitas Portuguesa. O sector académico da sociedade portuguesa vive um momento crítico. Aquilo a que poderemos chamar crise académica terá diversas origens, denunciadas estas diferentemente conforme as análises e opiniões. A crise académica situa-se no contexto da criação dum Espaço Europeu de Ensino Superior refém duma obsessiva e mimetista estratégia europeia de concorrência com os EUA.

Há já sinais preocupantes do rumo que está a seguir o processo de transformação da Academia Portuguesa, nomeadamente em torno do Ensino Superior. A contínua precarização dos docentes e investigadores, o asfixiamento financeiro das instituições, o passar dos encargos para os estudantes através dos sucessivos aumentos de propinas e a tendência para a degradação da qualidade do Ensino Superior são talvez as faces mais visíveis da metamorfose do Ensino Superior de Serviço Público em Ensino Superior Neoliberal.

A desresponsabilização crescente do Estado na garantia do serviço público surge mascarada de abertura do Ensino Superior à Sociedade. Mas poucos serão ingénuos ao ponto de não verem que Sociedade na concepção neoliberal quer dizer apenas interesse privado das empresas. A pretexto de uma ligação às empresas para melhorar a empregabilidade dos cursos, as Instituições de Ensino Superior acabarão por deixar que os interesses privados das empresas as dominem. Em suma, o Ensino Superior corre o risco de deixar de ser um factor de progresso de toda a Sociedade para apenas servir o interesse privado.

A avaliação do estado do processo de mudança na Universitas Portuguesa, mesmo se integrada e bem numa visão europeia e global, não pode quedar-se pela crítica menor. A crítica menor é inútil por se bastar numa identificação, por vezes tosca, dos problemas e não apontar quaisquer alternativas.

Prossigamos, então, nos caminhos da avaliação da Crise Académica com a disciplina da Crítica Maior. A nossa crítica deve ser fértil em alternativa. Visões honestas da realidade e propostas pragmáticas deverão unir-nos na construção da Alternativa Académica.

Para a construção da Alternativa Académica são chamados a unir esforços os corpos que constituem a sua comunidade restrita: investigadores, estudantes, docentes e não docentes. Mas é também necessário apelar ao envolvimento neste processo por parte da comunidade alargada das cidadãs e cidadãos que a Academia serve.

Este postal electrónico anuncia a abertura de uma discussão alargada, bem fundada na sociedade e geradora de alternativa que dará um contributo para o progresso da Academia. Por um Ensino Superior aberto e plural, que cumpra o seu papel de serviço público essencial ao desenvolvimento da nossa sociedade. Este é um contributo para o movimento da alternativa.
Alternativa Académica

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